12 filmes sobre mães que vão muito além da maternidade
- Juliana Andrade
- 12 de mai. de 2024
- 7 min de leitura
Atualizado: 15 de mai. de 2024
No segundo domingo de maio, é comemorado nacionalmente o Dia das Mães. Em homenagem à data, a Prisma traz 12 filmes que abordam a maternidade como tema central, alguns meio óbvios e outros nem tanto assim.
Da música ao cinema, todas as formas de arte já exploraram a maternidade como um objeto em comum. A relação entre mães e filhos é uma parte essencial do crescimento pessoal e emocional dos seres humanos e é uma linha de estudo que vai muito além de Freud. Seja por meio da escultura da Pietá de Michelangelo, um trecho de Clarice Lispector que te prende ou uma canção famosa do Abba regravada em um filme de conforto, tudo ao nosso redor resgata, uma hora ou outra, essa figura.
É um laço eternamente emaranhado, que nos liga em um fio invisível a quem primeiro nos carregou, talvez em um novelo maternal e amoroso ou em uma bagunça de cordões com pouca ternura. A forma como vemos e nos entendemos com nossas mães é o que há de mais primitivo nas nossas individualidades e é tão complexa que, independente de qual seja o sentimento, muitas vezes, nos faltam palavras para descrevê-la. E aí, surge a arte, um veículo que concretiza tudo aquilo que poderia ser dito, mas nunca é.
1. MAMMA MIA! (2008)

Nos embalos de canções famosas do grupo sueco Abba, esse é um musical tão memorável quanto as músicas cantadas pelos seus personagens. Você, com certeza, já viu esse clássico típico da Sessão da Tarde ou pelo menos já ouviu falar. Em "Mamma Mia!", Meryl Streep interpreta uma mãe solteira prestes a casar sua única e espirituosa filha, Sophie, mas é surpreendida quando ela convida seus três ex-namorados a fim de descobrir qual deles é seu pai.
Um ótimo filme para mergulhar na beleza das paisagens gregas e se divertir com um musical querido, que não à toa faz de "Mamma Mia!" o filme de conforto de muita gente.
2. TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO (2022)

Partindo para outro sucesso do cinema, que já se eternizou como clássico, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” ganhou o Oscar de Melhor Filme e fez a festa em diversas categorias da premiação em 2022. O filme retrata a relação conturbada entre mãe e filha, que são colocadas frente a frente com suas divergências geracionais.
Com uma reviravolta, o conflito entre as duas passa a ser abordado em outra dimensão, literalmente, quando uma ruptura no espaço-tempo faz Evelyn, interpretada pela grandíssima Michelle Yeoh, enfrentar todas as vidas que ela poderia ter experienciado para que consiga salvar a relação com sua filha.
3. MOMMY (2014)

A fotografia artística do diretor canadense Xavier Dolan e seus roteiros quase sempre meio autorais, acerca dos conflitos entre mães e filhos, torna “Mommy” um dos filmes independentes mais aclamados da última década, daqueles que se vê uma vez e se lembra para sempre.
Nele, desdobra-se um drama excêntrico sobre uma mãe que tem dificuldade em criar, sozinha, seu filho Steve, que é violento e imprevisível. Com o apoio de uma vizinha, ambos encontram certa esperança de que a relação entre eles possa mudar.
4. QUE HORAS ELA VOLTA? (2015)

Aqui, nós vemos Regina Cazé em outra forma, vivendo na pele da pernambucana Val, que vai para São Paulo em busca de uma vida melhor para sua filha, Jéssica, e acaba se tornando empregada doméstica de uma família rica.
Quando a menina vai atrás de sua mãe na capital e passa a morar na casa em que Val trabalha, a distância de anos entre elas é trazida à tona e somos inseridos em uma história bem brasileira sobre privilégios e desigualdade social, que representa a vida de milhões de mulheres no nosso país.
5. PROJETO FLÓRIDA (2017)
O filme de 2017 da produtora independente A24 narra a relação entre mãe e filha pelos olhos da pequena Mooney, que aproveita o verão da Flórida com todo entusiasmo e aventura que existe na infância, sem perceber que ao seu redor, no mundo dos adultos, tudo está ruindo gradativamente.

Muito além da diversão infantil, o espectador vê também, pelos olhos de Mooney, como a inocência é perdida aos poucos, e nos faz lembrar de uma época em que as coisas eram mais ensolaradas – ou sobre um sonho deslumbrante de ir à Disney – e menos sobre a face cruel da vida real.
6. RED: CRESCER É UMA FERA (2022)
Mei é uma menina de 13 anos que está apenas iniciando a adolescência, mas além de garotos e atividades escolares, ela tem um problemão que ninguém pode saber: quando está muito animada, Mei se transforma em um panda vermelho gigante.

O que parece uma premissa boba é, na verdade, uma animação sobre ancestralidade e laços matriarcais que se desenrolam por muitas gerações, antes mesmo de Mei nascer. E ainda que existam diferenças entre Mei e sua mãe, ela se vê em um beco sem saída, onde todas as mulheres que vieram antes dela são sua única salvação.
7. LADY BIRD: A HORA DE VOAR (2017)
Mais um drama da A24, dessa vez, dirigido por Greta Gerwig. Na cidadezinha de Sacramento, Christine McPherson está decidida a ir embora. Seu plano de se livrar das amarras da mãe é cursar faculdade em Nova Iorque, mas até a chegada do fim do ano, ela tem que enfrentar diversas experiências canônicas da adolescência, como o primeiro amor e as brigas com sua mãe.

Muitos consideram quase insuportável a personagem de Saoirse Ronan, mas Lady Bird, como Christine reitera ser seu verdadeiro nome, é um reflexo de como a maioria de nós fomos, na sua idade. E talvez relembrar isso traga sentimentos estranhos para alguns. Ela idealiza a vida adulta e todas as suas possibilidades até que é forçada a enxergar a realidade como ela é e perceber que, talvez, compartilhe mais coisas do que imaginava com sua mãe.
8. HEREDITÁRIO (2018)
Os filmes de terror não ficam de fora da temática maternal. Em Hereditário, segredos passam a assombrar a família Graham quando sua matriarca morre, mas parece não ir embora da casa, eternizando-se como uma sombra sob os integrantes da família, principalmente na filha mais nova, Charlie.

Esse é um terror psicológico que vai te deixar angustiado por muito tempo após assistir. Os espectadores consideram uma obra parcial, que ou se ama, ou se odeia, mas o diretor Ari Aster, com a estranheza que já faz parte da sua identidade, convence nos pequenos detalhes. Se você é o tipo de pessoa que prefere filmes que não dizem muito e se deleita em atuações sublimes, então “Hereditário” é um prato cheio para te deixar assombrado com tudo aquilo que não vemos, mesmo estando ali.
9. PEDÁGIO (2023)
“Pedágio” é um filme brasileiro que reflete sobre as violências sofridas pela comunidade LGBTQIA+ no país e foge do estereótipo de filmes gays. Suellen é mãe de Tiquinho, um adolescente homossexual, e passa a usar seu trabalho de cobradora em um pedágio para atividades ilegais com uma gangue, a fim de custear a ida do seu filho à uma terapia de conversão sexual.
O amor de mãe, muitas vezes, pode se expressar de forma equivocada, e aqui, isso não significa que Suelen não ame seu filho. O que para ela é uma forma de cuidado, para Tiquinho, é uma violência desmedida diante da sua orientação sexual. Esse filme traz diversos questionamentos sobre o que é amar e como isso é transmitido, em meio

aos preconceitos, entre mãe e filho, em um relato que pode fazer boa parte da comunidade que enfrenta isso todos os dias se identificar.
10. A DESPEDIDA (2019)
Com uma dose de humor, “A Despedida” nos encanta na sutileza da rotina de uma grande família chinesa, que é bruscamente interrompida ao descobrirem que a avó, Nai Nai, tem uma doença terminal e apenas poucas semanas restantes de vida. Ao invés de informá-la sobre o diagnóstico, eles decidem arranjar um casamento surpresa para unir a família e trazer felicidade a Nai Nai pela última vez.

Outro exemplo de filme que aborda não somente a relação entre Billi e sua mãe, Lu Jian, mas como ambas são afetadas pela sexualidade da filha. Além de boas risadas, você com certeza também irá derrubar algumas (ou muitas) lágrimas ao decorrer da história, seja no caos familiar instalado ou a constante presença da morte entre eles.
11. A FILHA PERDIDA (2021)
Baseado no romance da aclamada escritora italiana, Elena Ferrante, quem interpreta a filha perdida (e a mãe) nessa história é Olivia Colman, que não falha em nos imergir na crônica de Leda, uma mulher que está de férias no litoral da Itália. O que começa como um retiro de tranquilidade logo se mescla em uma obsessão por uma jovem mãe que encontra em sua estadia, fazendo-a relembrar momentos do seu passado que a assombram até hoje.

Diferente dos outros filmes que recomendamos, em que o espaço de discussão é dividido entre mãe e filho, agora, a mãe é o ponto central, e é por meio das lembranças dela que podemos entender melhor quem é a mulher que acompanhamos ao longo da trama. Dessa vez, enxergamos muito mais de perto, através de um filme silencioso e de contemplação, sem muitas reviravoltas, sobre como a maternidade é ressignificada para cada mulher. E como ela também é capaz de deixar feridas que não saram nunca.
12. TUDO SOBRE MINHA MÃE (1999)
Em uma lista de filmes sobre mães, não poderia faltar uma obra de Almodóvar, que sempre desenha, com maestria, figuras femininas como o epicentro de suas direções. Dessa vez, a mulher retratada por ele é Manuela, que após perder o filho de forma trágica, parte até Barcelona para contar ao pai dele sobre a notícia, quem nunca soube da existência do filho.
“Tudo Sobre Minha Mãe” é um clássico indiscutível, com todos os traços almodovaríanos que conhecemos, das cores aos personagens, mas é na profundidade dos seus discursos que ele encanta verdadeiramente. Em meio às discussões sobre o que é ser mulher e o que compõe uma, podemos reconhecer a grandiosidade do diretor e por que ele é considerado um dos maiores do cinema melodramático.

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