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1989 (Taylor’s Version) reafirma grandiosidade da cantora

  • Foto do escritor: Barbara Ankudovicz
    Barbara Ankudovicz
  • 29 de out. de 2023
  • 6 min de leitura

Atualizado: 19 de abr. de 2024



Crítica


Depois de muita espera, foi lançado na última sexta-feira (27) a regravação do quarto albúm de estúdio de Taylor Swift, 1989 (Taylor’s Version) com 5 faixas inéditas.


O álbum lançado pela primeira vez há quase uma década atrás, marcou a carreira da artista pela mudança para o gênero pop e por seu sucesso estrondoso. Sendo o disco favorito da redação, a Prisma trouxe uma análise completa do recém-lançamento.

Reprodução: Beth Garrabrant

Com mais da metade de seus trabalhos antigos reconquistados, 1989 (Taylor’s Version) é a quarta regravação da cantora, que vem lutando desde 2019 para ter o direito sob sua arte que foi vendida sem seu conhecimento. O projeto “Taylor’s Version” (versão da Taylor) foi a solução encontrada para que Taylor tenha posse de suas gravações por completo e não apenas das composições, e algo que se iniciou por uma questão judicial, tomou uma proporção astronômica e, além de aproximar os fãs e recontar a trajetória de Swift, outros artistas passaram a lutar por seus direitos autorais.


Dado o tamanho sucesso do álbum lançado em 2014 e considerado um dos melhores trabalhos da cantora, 1989 (Taylor’s Version) era uma das regravações que os fãs mais ansiavam e, consequentemente, as expectativas e o medo de se decepcionar com mudanças nos sons eram enormes. O lançamento dividiu opiniões e mesmo abrindo com nota máxima no Metacritic, muitos internautas detonaram as diferenças sonoras presentes na obra.


"Eu nasci em 1989, me reinventei pela primeira vez em 2014, e uma parte de mim foi recuperada em 2023 com o relançamento desse álbum que tanto amo."

O álbum se inicia com a faixa "Welcome To New York”, representando a história da jovem de 25 anos que se mudou para Nova York e traduz a nova fase da cantora, buscando liberdade e aproveitando cada momento. Os sintetizadores aparecem com mais força na regravação e é possível notar a diferença na entonação de alguns versos, deixando a faixa ainda mais animada.


A sucessora “Blank Space” e um dos maiores hits de Taylor é a música em que pode-se notar a maior diferença - de maneira positiva. Com graves mais fortes e potentes, a batida se tornou mais intensa mas sem sobressair os vocais extremamente polidos de Taylor, que, junto com as harmonias de fundo, trazem a combinação perfeita.


A terceira faixa do álbum, “Style” se tornou uma das mais polêmicas e dividiu o público entre amor e ódio. O single aderiu por completo a sonoridade synth-pop dos anos 80 e modificou a guitarra nos segundos iniciais, além de deixá-la mais alta no pré-refrão e os sintetizadores de fundo remetem ao brilho e glamour do relacionamento descrito na canção, ressaltando que, de fato, “eles não saem de moda”.


Out Of The Woods”, outra queridinha dos fãs, deixou visível o amadurecimento não apenas nos vocais de Swift, mas também na produção. O aumento nos ecos e a voz mais grave da cantora elevam o questionamento presente na letra e a ponte se torna ainda mais frenética que a versão de dez anos atrás.


As faixas “All You Had To Do Was Stay” e “Shake It Off” não possuem diferenças gritantes além do fato de estarem com um aspecto mais limpo, mas o single enjoativo “Shake It Off”, que dominou as paradas mundiais na época e se tornou impossível de não escutar, trouxe uma Taylor um pouco mais agressiva na famosa ponte da música. Em contra partida, a agressividade e frustração de “I Wish You Would” ficou em 2014 e foi substituida por vocais mais singelos, que pecam ao tentar comunicar a história que está sendo contada, mas para compensar a falta de tais sentimentos, o instrumental viciante se torna mais vivido.

Reprodução: Beth Garrabrant

Outra canção que ganhou mais força e intensidade foi “Bad Blood”, os primeiros graves vem de maneira surpreendente e a maturidade de Swift colabora para a potencia da faixa, dando um gostinho da grandeza que está por vir na regravação do seu álbum “reputation” (2017). “Wildest Dreams” foi a primeira música lançada do 1989 (Taylor’s Version), em 2021, e mesmo com uma produção mais alta, principalmente nos batimentos cardíacos da cantora na introdução, é quase impossível de notar alguma diferença vocal da versão antiga para a atual.


A décima faixa entitulada “How You Get The Girl” se tornou uma das mais divertidas do álbum por finalmente haver clareza em sua sonoridade, na qual é possível diferenciar cada elemento, desde os acordes de violão até a introdução do synth, se livrando da bagunça estrondosa lançada em 2014. O mesmo aconteceu com “This Love”, lançada pela primeira vez em 2022 como parte da trilha sonora de “O Verão Que Mudou Minha Vida”, a regravação valorizou o vocal angelical da cantora e deixou de ser a famosa skip, aquela música que pulamos na primeira nota ouvida.


I Know Places” vem para acabar com a calmaria estabelecida por “This Love” e trouxe tudo aquilo que os fãs pediram desde que ouviram a versão ao vivo na turnê. Swift colocou para fora a brutalidade com um instrumental crescente e eufórico que explode em um grito de “and we run” no segundo verso, sendo facilmente um dos pontos altos deste álbum.


A sequência, “Clean”, “Wonderland” e “You Are In Love” não passaram por mudanças significativas como outras canções, mas alguns elementos foram amplificados e trouxeram um toque a mais deixando-as ainda melhor, algo que não aconteceu com “New Romantics”. A grande decepção desta regravação ficou para a faixa dezesseis, que encerrava a versão original no ápice, fechando o álbum da mesma maneira que se inicia, com um sentimento de que apesar de tudo, a vida pode ser uma festa.


O pré-refrão, responsável por crescer a batida e carregar a energia para o refrão, se tornou abafado e devagar, dando um ar estranho de que algo está em câmera lenta e atrasado. Enquanto alguns detalhes harmônicos tentam fazer valer a pena, Taylor falha em trazer a mesma euforia de antes e a faixa parece ser sobre algo mais rotineiro e monótono do que a vibração de que “toda noite conosco é um como um sonho”.


Ao chegar nas faixas inéditas e entrar no “cofre”, onde estão os descartes que não entraram para o álbum em 2014, é como se o ouvinte fosse teletransportado para os anos 80, pegando todos de surpresa em diversos sentidos. A música que abre o cofre é “Slut!”, que deixou muitos criando teorias sobre o pop chiclete que estava por vir, junto com uma crítica a imagem que a mídia força sobre a cantora. Ao contrário do que acreditavam, “Slut!” trouxe uma balada de amor oitentista, com um ar mágico e apaixonado, mas que o tempo todo deixa o questionamento de “por que isso seria o single do álbum?” e os fãs já sabem a resposta. A cantora nunca acerta na escolha de seus singles.

Say Don’t Go” é uma bela tradução do álbum como um todo e em vários aspectos. A súplica e as dúvidas de um relacionamento acabado na letra dolorosa, combinados com uma batida vibrante, mostram o porque Taylor Swift carrega uma legião de fãs e recordes, e se enquadra tão bem no quesito de artista pop.

Reprodução: Beth Garrabrant

Mesmo produzindo boa parte do álbum, a alma do produtor e amigo da cantora, Jack Antonoff, fica extremamente visível em “Now That We Don’t Talk”. O início dramático da canção combinado com os ecos, o título quase falado no refrão e o fim repentino, deixam explícito o toque de Antonoff, na qual poderia facilmente ser uma faixa de um album do grupo Bleachers, projeto do produtor.


Suburban Legends” tem uma leve semelhança com “Mastermind”, do álbum anterior da cantora, “Midnights”. A canção também segue a mesma linha das anteriores do cofre e possui uma introdução mais calma e vocais graves, que aumentam gradativamente, acompanhados dos sintetizadores. A diferença é que “Suburban Legends” se mantém monótona em sua sonoridade e não possui algo autentico como as outras canções.


Encerrando o álbum com chave de ouro, “Is It Over Now?” faz uma brincadeira com o final do disco em relação ao título da música (está tudo acabado agora?) e ressalta o erro na escolha do single da regravação. Mesmo causando estranheza de primeira pelo som do que parece ser uma gaivota, a última faixa é sem dúvidas a melhor de todo o cofre, com Swift relembrando os momentos de seu famoso relacionamento com o cantor Harry Styles e ouvimos a história exatamente como o final de um filme.


1989 (Taylor’s Version) reapresentou ao mundo a melhor obra da cantora e ressaltou a grandiosidade dela como artista, que mesmo regravando trabalhos antigos, consegue se reinventar e mostrar sua autenticidade em cada detalhe.

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