RIGHT PLACE, WRONG PERSON: como RM está sempre no estúdio certo e na hora certa.
- Martha Tilza
- 30 de ago. de 2024
- 3 min de leitura

Na indústria da música desde 2007, seis antes de seu debut como rapper e líder do BTS, RM sempre mostrou uma característica pouco vista em ídolos do pop sul-coreanos: a capacidade de se reinventar em qualquer ocasião. Em seu grupo, Namjoon encabeçou a composição de álbuns como Dark & Wild, Wings e as aclamadas trilogias The most beautiful moment in life e Love Yourself, projetos com gêneros e propostas totalmente diferentes uns dos outros que transformaram a carreira do grupo.
Em paralelo aos seus trabalhos com o grupo, RM nunca perdeu sua essência criada no cenário do rap underground da Coreia do Sul. No ano de 2015 ele lançou seu primeiro projeto solo, o autointitulado “RM”, que foi construído com samples de nomes como J. Cole e Run the Jewels, em que o até então Rap Monster, que era criticado em sua posição dentro do BTS, ponderou sobre o seu papel como ídolo e como pessoa.
Três anos depois, de surpresa, o rapper lançou a mixtape “Mono”. Por si só, três anos trazem tremendas mudanças em uma vida cotidiana, mas entre 2015 e 2018, a vida de Namjoon foi qualquer coisa menos cotidiana. Os anos que se sucederam após o lançamento de sua primeira mixtape trouxeram transformações estratosféricas para a carreira do grupo tanto em nível de fama como em sua musicalidade no geral. Incluindo a escolha de mudar seu stage name apenas para RM, abandonando a persona de Rap Monster.
Aqueles que são mais aprofundados na carreira do rapper podem dizer que Mono foi escrita por Namjoon, apenas o Namjoon. De corpo e alma. Que sabe que uma fase de incerteza, dúvidas, instabilidade e angustiante irá passar, mas que é necessário abraçar o que esse período tem a trazer para o crescimento pessoal.

Descrito por Namjoon como “o último arquivo dos meus vinte anos”, Indigo, seu primeiro álbum completo, é uma montanha-russa embalada por jazz e R&B na voz do rapper e de outros grandes ícones da música como Erykah Badu e parkjiyoon. Em “Indigo”, RM passeou por seus anseios, dúvidas, frustrações e alegrias durante diferentes fases dos seus vinte anos. Diferente de Mono, que acaba ainda estagnado em um momento de melancolia, Indigo por sua vez mostra um Namjoon mais otimista pela mudança ou até livre de amarras de um passado que não irá voltar mais (e que bom que não vai).
Por fim, chegamos em 2024, RM está cumprindo o serviço militar obrigatório, mas passou o ano de 2023 trabalhando para o lançamento de seu segundo álbum completo: “Right Place, Wrong Person”, uma coletânea de onze músicas que se passam dentro do olho de um furacão de problemas que Namjoon está tendo que solucionar de uma só vez. Logo na faixa de abertura ele diz que se sente como uma floresta em chamas. Fogo em uma floresta não é planejado, é selvagem, leva destruição por onde passa e, por vezes, é incontrolável. Durante o álbum é possível entender o porquê RM se retrata dessa forma.

Novamente, o rapper trouxe um trabalho multifacetado que variou entre o hip-hop, R&B e o jazz. Melodicamente é diferente de tudo o que Namjoon já fez, mas ao mesmo tempo é um retrato maduro de todos os três “RM´s” que lançaram os projetos anteriores. Liricamente, RPWP é áspero, intangível, furioso, é um despejo de tudo que o aflige para que ele possa voltar ao momento de calmaria. Ele fala tudo o que ele precisa falar para as pessoas que precisam ouvir. Esse álbum é feito para uma pequena parcela de pessoas que fizeram parte da vida dele durante algum tempo, o fato do grande público poder ouvir é só uma consequência de se fazer parte do maior grupo do mundo.
RPWP é a descrição perfeita de bruto, melancólico e amável porque Namjoon é tudo isso. Ele sempre foi tudo isso. Desde 2013, durante o debut do BTS, em 2015 quando lançou sua primeira mixtape. Mesmo se reinventando constantemente, transitando entre diversos gêneros e fases artísticas, a pessoa Namjoon ainda mantém a mesma essência na hora de trazer mais um álbum ao mundo.
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