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“eternal sunshine”: Ariana Grande retorna com álbum intimista e melancólico

  • Foto do escritor: Barbara Ankudovicz
    Barbara Ankudovicz
  • 9 de mar. de 2024
  • 5 min de leitura

Atualizado: 4 de abr. de 2024


Crítica


Lançado nesta sexta-feira (08), “eternal sunshine” é o sétimo álbum de estúdio de Ariana Grande e marca o retorno da cantora após 4 anos afastada da indústria musical.


Um dos maiores nomes da indústria pop está de volta. Após dar uma pausa em sua carreira musical para focar em seu casamento e na adaptação cinematográfica do musical “Wicked”, Ariana Grande retornou com seu sétimo, e tão aguardado disco, “eternal sunshine”.

Depois de 4 anos afastada e com seu último álbum lançado (“positions”) sendo extremamente criticado, a cantora trouxe em sua bagagem novos sons e declarações vulneráveis sobre seu divórcio.

O disco, que tem seu título inspirado no filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, se inicia com a introdução “(end of the world)”, na qual Ariana se mostra repleta de incertezas sobre seu atual relacionamento, questionando seu companheiro e a si mesma se aquilo é o certo e “se tudo acabasse amanhã, você ainda seria quem está na minha mente?”

Uma das marcas registradas da cantora são as introduções de seus álbuns e “(end of the world)”, com sua letra em contraste as harmonias angelicais, é sem dúvidas uma de suas melhores aberturas até aqui.

Entretanto, há uma quebra de expectativa entre a primeira e segunda faixa, já que “bye” traz instrumentais completamente diferentes e soam como um sample de sua antiga música “Piano”, de seu álbum de estreia. Com uma letra enjoativa, a canção utiliza elementos que remetem a era disco dos anos 70 e em alguns momentos se torna incômoda com o som mais alto que os vocais, parecendo até que a frase “apenas aumente o volume da música” foi levada ao pé da letra pelos produtores.

Grande retorna ao eixo com a terceira faixa, “don’t wanna break up again”, com forte influência do R&B dos anos 90, mostrando o quão bem se encaixa em tal ritmo, enquanto relata a frustação de saber que seu casamento não tem outra saída a não ser o fim.

Saturn Returns Interlude” é o interlúdio que ocupa a faixa número quatro e se torna crucial para o resto do álbum. Ao som da astróloga Diana Garland, o trecho relembra a importância de se desprender, não forçar para que as coisas aconteçam de maneira exata e “descobrir quem você realmente é”. E, como uma virada de chave, é aqui que vem a sensação de que o álbum está começando e um novo capítulo se inicia para Ariana.

A transição do interlúdio para a faixa-título é mágica e soa como memórias distantes sendo revividas. “eternal sunshine” traz a dolorosa revelação de uma traição com uma mistura de pop e R&B, que casam perfeitamente. Além do refrão chiclete, a música possui referências (incrivelmente pensadas) ao filme que serviu de inspiração, como o fato de chamar seu ex companheiro de “meu brilho eterno”, tratando-se de uma pessoa na qual ela terá que revisitar todas suas memórias, até as mais bonitas e apagá-las para poder seguir em frente.

A sexta música, “supernatural”, faz jus ao seu nome e, de maneira sobrenatural, a voz suave da cantora junto a leveza do synth-pop faz com que o ambiente ao redor desapareça e, assim como o início da paixão descrita na letra, a canção não sai da cabeça da mesma forma que a sensação de estar gostando de alguém.

A sucessora, “true story”, deixa claro a influência dos trabalhos anteriores de Ariana e parece ter sido feita para o álbum “Dangerous Woman”, carregando batidas mais pesadas e explorando sua extensão vocal.

Chegando na oitava faixa, é possível notar que “the boy is mine” recebeu boa parte dos elementos utilizados em “fantasize”, trabalho descartado de Grande, que acabou sendo vazando nas redes e viralizou ao redor do mundo, porém não chega nem aos pés da mesma. O ar de R&B dos anos 90, com a desaceleração do ritmo no primeiro verso do refrão parece caminhar para algum lugar, mas a mixagem se torna tão pesada no final, que deixa tudo uma bagunça.

Além disso, a canção também é uma interpolação da obra homônima dos anos 90 de Brandy e Monica, e, assim como a anterior, se encaixaria sonoramente em seu terceiro álbum de estúdio, porém a letra seria jogada fora.

O single que marcou o retorno da cantora, “yes, and?”, ocupa a nona posição e se mostrou perfeitamente bem pensada ao ser lançada para promover o projeto. A música é um contraste absoluto de todas as outras faixas, sendo a única do gênero house (felizmente), e quebrou a expectativa de todos que acreditaram que esse seria o som da obra como um todo. “yes, and?” é uma das poucas, se não a única, faixa deste álbum que será tocada em festas e fortemente promovida em rádios.

we can’t be friends (wait for your love)”, é a décima canção e, sem dúvidas alguma, a melhor entre as treze. Após o lançamento do álbum, a música ganhou um videoclipe inteiramente baseado em “Brilho Eterno” e se tornou o segundo single.

Ariana reluta para se libertar e colocar um ponto final em seu casamento, com uma letra capaz de cortar como uma faca e um som totalmente novo, a cantora traz para sua discografia o synthpop, que combina de forma certeira com a melancolia presente na produção e apresenta pequenos detalhes que fazem toda a diferença, como a pausa após a frase “eu e a minha verdade nos sentamos em silêncio”.

Mesmo sabendo que a mistura de pop e R&B definem o som atual da cantora e casam muito bem com seu estilo, as baladas “i wish i hated you” e “imperfect for you” ressaltam mais ainda seu talento. Por mais que seus vocais sejam estrondosos e mereçam ser explorados, guitarras suaves e piano são perfeitos para a voz de Grande e deveriam ganhar mais espaço em seus trabalhos.


ordinary things” encerra o álbum com chave de ouro. Através do R&B e com um toque especial de trombone no instrumental, Ariana expressa a beleza de viver momentos simples mas especiais ao lado de quem ama. A canção amarra a trajetória de “eternal sunshine” de maneira singela e, com um conselho, a avó da cantora responde a pergunta da primeira faixa do álbum e afirma, “nunca vá dormir sem um beijo de boa noite/ se você não se sente confortável fazendo isso, você está no lugar errado”.

É nítido o cuidado de Ariana com a criação deste projeto e a importância de ter se ausentado por 4 anos. “eternal sunshine” é seu álbum de estúdio mais coeso e maduro, e a ideia de iniciar um novo capítulo, experimentando novos sons e ainda assim, revivendo memórias antigas com o uso de elementos de seus trabalhos anteriores, mostram que a cantora, tendo o controle total, é capaz de produzir obras que destacam quem ela é como artista.

Acima de tudo, ao expor sua jornada de maneira tão vulnerável, Ariana soube conectar sua arte com o filme que a inspirou, de maneira tão exata, que ambos carregam o sentimento idêntico de um abraço de despedida, capaz de confortar mesmo com a melancolia e certeza de que aquela será a última memória.



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