GUTS: Olivia extravasa suas emoções e domina o pop-rock
- Barbara Ankudovicz
- 30 de set. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 19 de abr. de 2024
Crítica
Olivia Rodrigo volta aos holofotes com seu disco “GUTS”, lançado no dia 8 de setembro e mostrou mais uma vez, a sua força, ao conquistar a segunda maior estreia feminina do ano no Spotify, até então.

“GUTS” traz à tona as experiências frustrantes de uma jovem de 20 anos, como relacionamentos mal resolvidos, recaídas e introspecção, mas acima de tudo, deixa claro o amadurecimento de Olivia através de sua sonoridade, lirismo e estética. O álbum é moldado pela agitação de faixas pop-rock e apenas algumas baladas, que trazem leveza e até certo respiro para o que está sendo ouvido, mostrando ser o oposto de “SOUR”.
A faixa que dá abertura ao projeto é “all-american bitch”, na qual Rodrigo expressa precisamente o que é ser mulher dentro de uma sociedade, trazendo melodias suaves de violão para descrever suas qualidades “perfeitas” e um som mais pesado no refrão, traduzindo a explosão que pode ser causada pela pressão de tentar se encaixar na imagem perfeita. Para encerrar a canção, após gritar sua angústia, Olivia ironiza em um tom angelical, “o tempo todo, sou grata o tempo todo”.
De fato, a cantora acertou em cheio ao escolher “all-american bitch” para abrir o álbum, resumindo perfeitamente o que estava por vir nas próximas 11 músicas.
Dando continuidade a história e com uma transição um tanto quanto satisfatória, “bad idea right?” é o segundo single do álbum e, se o analisarmos como um todo, pode-se dizer que esta é a faixa mais fraca, porém chega a ser compreensível, já que se trata de algo mais divertido e com um refrão chiclete, onde a jovem diz que não seria uma má ideia reencontrar seu ex.
Deixando o divertimento de lado, ”vampire” foi o primeiro single e marcou o início da era “GUTS”. Com notas de piano que soam levemente como “imagine”, de John Lennon e crescem euforicamente, Olivia relata os momentos difíceis de um relacionamento, na qual foi usada por fama e compara seu ex a um vampiro, que sugou até sua última gota de energia.
A quarta faixa, ”lacy”, carrega os vocais vulneráveis e delicados da compositora, que derrama elogios e questionamentos sobre uma figura considerada “a coisa mais incrível que já existiu”. A música não passou batido pelo público e foram criadas diversas teorias sobre o verdadeiro significado por trás da letra, mas uma coisa é certa, Rodrigo é capaz de transmitir para o ouvinte todo o deslumbramento que sentiu.
“ballad of a homeschooled girl” é o clássico som que define a essência de Olivia e sua letra é capaz de descrever a experiência de muitas adolescentes e jovens adultas ao navegar pela vida, “eu quebrei um copo, tropecei e caí / Contei segredos que não deveria / Me enrolei com todas as minhas palavras”.
O ponto alto do álbum se encontra em “making the bed”. A faixa mostra uma jovem cansada e perdida, sentindo que perdeu o controle de sua vida, enquanto tenta consertar as consequências de suas ações. Em uma de suas estrofes, a cantora diz que conseguiu as coisas que queria, mas elas não são como imaginava, fazendo referência a “jealousy, jealousy”, de seu primeiro álbum.
A melancolia segue em “logical” e Olivia retorna para sua zona de conforto com seu piano e uma melodia monótona, mas que é salva pela voz pungente da cantora e letra excruciante de um relacionamento manipulador.
O mais recente single, “get him back!” mostra a compositora dividida entre voltar com seu ex ou se vingar do mesmo. A combinação de bateria e synth trouxeram o alto astral de uma música que em breve será ouvida em filmes e séries para o público jovem, e não é à toa que se tornou a favorita dos fãs.
“love is embarrassing” segue a mesma linha de algumas das músicas anteriores, com um som divertido que poderia ser encontrado na trilha sonora de um filme dos anos 2000, que no caso de Olivia, funciona bem e condiz com seu estilo, mas a letra dessa faixa deixa a desejar e seu refrão se torna maçante.
Em “the grudge”, os versos da compositora confessando a dificuldade de perdoar e se desprender de alguém que a machucou, são capazes de nos rasgar como uma faca e ressaltam o talento grandioso que a jovem carrega em suas letras.
A penúltima canção do álbum pegou muitos de surpresa por sua melodia ser o oposto de sua letra e por ter ao menos uma estrofe com a qual o ouvinte pode se identificar. Rodrigo não se acanha ao falar abertamente sobre suas inseguranças em “pretty isn’t pretty” e com um som sintetizado, volta a enfatizar a beleza idealizada que empurram sobre nós.
Olivia não poderia encerrar seu segundo álbum de outra maneira. Como o fechamento de um ciclo, “teenage dream” faz referência a primeira faixa de seu álbum “SOUR”, na qual a jovem de 17 anos se pergunta onde está seu tão aguardado “sonho adolescente”, e agora, aos 20 anos, a cantora se desculpa por não conseguir ser seu sonho adolescente.
“GUTS” veio para solidificar a artista e mostrar que ela está no caminho certo. Seu som e letras vulneráveis são capazes de tocar não apenas seus fãs, mas qualquer pessoa que cruze com seu trabalho e se identifique com seus versos.

Recentemente, Olivia anunciou a “GUTS World Tour” que se iniciará em fevereiro de 2024, passando pelos Estados Unidos e Europa. Mais datas serão anunciadas em breve, com a possibilidade de uma passagem pelo Brasil
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