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Super: Jão encerra um ciclo com seu quarto álbum

  • Ketlyn Paes
  • 24 de set. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 19 de abr. de 2024

Lançado no dia 14 de agosto, o quarto álbum de Jão e vem cativando fãs ao redor do país desde então. Em menos de 24 horas o disco acumulou mais de 6,5 milhões de reproduções no Spotify e, no dia anterior, já havia levado mais de 12 mil pessoas ao Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, para uma audição exclusiva.


Foto: Gabriel Vorbon/Divulgação

Eventos desse porte alimentam uma conexão entre o cantor e a audiência, visto que algo parecido já havia acontecido em dezembro do ano passado no encerramento da turnê “Pirata” quando cerca de 50 mil pessoas assistiram ao show de forma gratuita no Novo Anhangabaú.


O astro de 28 anos vem acumulando sucessos e abraçando conceitos entre todos os seus lançamentos e “Super” atinge essa excessividade de cenários quando proporciona uma união de toda a trajetória musical e artística do intérprete.


O denominado “Lado A” do álbum é repleto de ambição, de primeira, “Escorpião” tem clara influência do rock nacional e explora um lado vingativo do artista. Quando ouvi pela primeira vez associei ao refrão de “VSF”, oitava faixa do álbum “Anti-herói” do cantor, sendo esse o primeiro indício de uma intertextualidade entre as obras do mesmo criador. Em seguida, o hit “Me lambe” percorre a sexualidade do nascido em Américo Brasiliense e, inclusive, ganhou um videoclipe um mês após o lançamento das músicas.

Enquanto o álbum começava a florescer, a terceira música, “Gameboy”, destrói parte das expectativas sendo maçante e, sinceramente, chata. O uso de autotune e sons mais sintéticos não seria um problema se a ambientação fosse minimamente empolgante.


“Alinhamento Milenar” traz de volta a positividade quanto a qualidade do álbum e referencia um dos maiores sucessos de Jão, “Meninos e Meninas”. A letra é facilmente identificável para aqueles que, de vez em quando, questionam a presença de uma força maior que os une a alguém especial.


“Lábia” finaliza a parte animada da primeira parte do disco, abrindo portas à toda a melancolia que a dupla “Maria” e “Julho” tem a oferecer.


“Tão estranho, nós estamos vivos

Nesses mesmos dias, nesses mesmos anos

Mesmo plano, hora exata

Você me ama e eu te amo”


Na sequência, a faixa “Maria” rendeu diversas teorias entre os fãs que interpretam a carta lida pelo cantor das mais diversas maneiras. Seria um amor perdido ou mesmo uma outra versão do cantor que se perdeu no tempo? A única certeza é que o sofrimento continua em “Julho”, principalmente no coração daqueles que anseiam em amar e ser amados. O sétimo mês do ano virou sinônimo de revisitar memórias mesmo que isso doa, já que apenas as lembranças restaram de um romance quebrado. Aqui, Jão faz referência ao seu terceiro álbum, “Pirata”, quando tenta responder a dúvida deixada em “Acontece”: o que o amor vira quando chega o fim?


Um tom mais sombrio inicia o “Lado B” e a música “Eu Posso Ser Como Você” assume um momento de deslealdade do cantor. “Sinais” e “Se O Problema Era Você, Por Que Doeu Em Mim?” realçam, mais uma vez, a versatilidade do também compositor que navega entre sensualidade e mágoa com ritmos animados.


Assim como “Maria” e “Julho”, as faixas 11 e 12 de “Super” podem ser entendidas como uma dupla. “Locadora” é provavelmente a mais fraca dessa última metade, mas não chega a ser ruim - tal qual a frustrante “Gameboy”, por exemplo. “Rádio” é romântica e financiou muitas teorias do público sobre um suposto romance do cantor com um fã.


“São Paulo, 2015” é a mais clara montagem da agitada capital paulista. Uma juventude experimentando sensações e assombros em uma metrópole que, de acordo com a letra, é uma droga e vai usar você. A música não é o retrato de uma vivência específica e, sim, reconhecível a todos aqueles que viveram a juventude nesse mundo tão triste e tão lindo - mais ainda, diga-se de passagem, para aqueles que cresceram em cidades interioranas e em certo ponto foram à capital.


A música homônima dentro do álbum finaliza os quase 42 minutos fazendo Jão brilhar mais do que nunca em um arranjo de cordas que dá espaço à voz do cantor. A união dos quatro elementos que foram aprofundados em cada álbum - “Lobos” com a terra; “Anti-herói” com o ar; “Pirata” com a água; e “Super” que faz tudo queimar. Com um “sample” de “Monstros” - música presente no primeiro disco do jovem - Jão manda uma mensagem ao pequeno menino nascido no interior de São Paulo que sonhava em ser uma estrela e agora realiza todas as antigas aspirações.


“Supersônico, o meu peito

Te atravessa, temporal

Toda a glória e dor eu sinto

No final”


Foto: Gabriel Vorbon/Divulgação

Com o anúncio da “SUPERTURNÊ” na mesma semana de estreia, o cantor provou mais uma vez sua força quando esgotou a primeira data da cidade de São Paulo em questão de horas. O show vai acontecer no dia 20 de janeiro de 2024, no Allianz Parque, e promete reunir todas as fases do artista que deu um gostinho do que está por vir no último dia do festival The Town, com um dragão tomando conta do palco.


“Super” mostrou a flexibilidade de um artista que já conquistou os quatro elementos e sabe que ainda há muito por vir, agradando multidões de forma conectada e bem pensada.

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