the record: Phoebe, Lucy e Julien são ainda mais intimistas do que em seu primeiro projeto
- Martha Tilza
- 21 de set. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de mai. de 2024

Se para você, assim como outras redatoras da Prisma, o conjunto pode não soar tão familiar para os ouvidos, eu explico: O boygenius é um projeto muito intimista em que todos os álbuns são feitos porque o trio que compoe (Phoebe Bridgers, Lucy Dacus e Julien Baker) são melhores amigas apaixonadas por músicas que buscavam se divertir juntas num estúdio. O nome “boygenius” vem do fato que é muito comum existirem grupos de homens na cena indie, mas raramente tem mulheres.
Fora do grupo, as três possuem suas carreiras solos, o que torna ainda mais legal escutar músicas do grupo, já que é possível perceber como cada uma colocou seu estilo musical ali. “the record” é o segundo projeto juntas, seu antecessor, o auto-intitulado, foi lançado em 2018 em forma de EP, já o que estamos falando é um álbum de doze músicas que conta as experiências entre ser uma mulher jovem, como a carreira e a música interferem em suas relações pessoais e, por fim, sobre amizade.
Um dos sentimentos mais fortes que uma música pode provocar é a identificação. Claro que tristeza e felicidade também, mas esses são passageiros. Quando há o ato de se reconhecer nas palavras de outra pessoa, uma corrente é quebrada e dúvidas surgem ao mesmo tempo que morrem. Para as escritoras “True Blue” tem um significado, para mim, tem outro.
“True blue” é sobre o amor incondicional que damos e recebemos para aqueles que estão em nossas vidas, mas mais do que isso é sobre ser visto, reconhecido e o ato de perdoar. Os laços entre duas pessoas, seja ele amizade, familiar ou romântico, quando intensos, podem machucar, mas ninguém nos conhece melhor do que quem nos machucou. Alguém que nos conhece tão bem ao ponto de sabermos que depois da dor, vem o amor. Por isso, a doce voz de Lucy Dacus ecoa como uma mensagem de alguém que já fui e reverberam dores que já foram seladas junto com alguém que ainda serei com felicidades futuras que ainda viverei.
Em "Not Strong Enough", o trio traz um mergulho na autoestima das cantoras, falando sobre momentos conflituosos sobre se odiar por não se sentirem boas o suficiente para si mesma e para os outros ao mesmo tempo que se sente egocêntrica por se achar a melhor pessoa em ser pior em tudo. Phoebe descreveu a música como os “dois lobos” que vivem dentro da gente em uma luta que pode nos destruir.
À princípio não chamou muita atenção por ser a última música do álbum que, normalmente, tranca o cadeado de todas as emoções que foram abertas durante todas as outras músicas. “letter to an old poet”, não. É uma música calma e harmoniosa, mas sua letra expressa a raiva, a dor e a frustração de alguém preso em uma relação em que uma pessoa possui todo o poder. Ttrazendo referências de “Me & my dog” do primeiro projeto do trio, na sequência “You think you are a good person just because you don’t punch me / In the stomach / And I love you” ou “Você acha que é uma boa pessoa só porque não vai me socar no estômago e eu te amo” fica claro o quão instável e desgastado um vínculo pode ficar e no fim a experiência se tornar uma grande bola de neve já que durante o percurso da música, a raiva aumenta mas as palavras de amor também.
Apesar do altos, o álbum também conta com músicas fracas.
Uma das letras mais lindas do álbum, mas, infelizmente, nem só de letra bonita é feita uma música. "Cool about it" traz uma melodia repetitiva e fraca com um violão que parece improvisado que não faz jus aos sentimentos postos.
É difícil achar músicas que podem ser consideradas ruins nesse álbum, mas é preciso ser feito. Se o ouvinte é fã ou pelo menos conhece a Phoebe Bridgers, fica explícito que essa música trata sobre seu relacionamento com o ator Paul Mescal. Durante a letra, a cantora expõe um pouco sobre como o amor pode ser cansativo se você não está preparado para devolver o amor que a outra pessoa está te dando. Entretanto, "Revolutiom 0" possui o mesmo problema de “cool about it”: É fraca.
A segunda música mais curta do álbum, Leonard Cohen, começa contando a história de um pequeno passeio feito entre duas pessoas e vai se tornando sobre um casal. Entretanto, é inconclusiva e um pouco vazia. No final, as cantoras fazem alusão ao poeta e músico canadense Leonard Cohen ao dizerem que não são um homem velho tendo uma crise existencial.
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