Da contracultura a passarela: A influência do punk na moda
- Laura Souza
- 17 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
De Vivienne Westwood a Jean Paul Gaultier, o movimento punk e a moda sempre andaram
de mãos dadas, seus princípios expostos na alta costura e cultura popular. A Prisma celebra esse histórico matrimônio, apresentando aos leitores seu início e sua importância no cenário atual.

Roupas em tartan, spikes, jaquetas de couro e acessórios de bondage... Todas essas peças fazem parte do visual de uma era e cultura popular nos anos 70 e atualmente: a era do punk. Sua influência na moda se origina na cena underground em lugares como Estados Unidos e Reino Unido, depois viajando pelo mundo inteiro. Mas quem pensa que o punk é apenas uma estética se engana, porque essa cultura significa bem mais do que isso.
O Lixo e a Fúria
No campo da sociologia, contracultura é a palavra usada pra se referir ao ato de questionar e contestar as normas e padrões de uma sociedade. Esse termo foi criado pelo sociólogo Theodore Roszak em meio ao caos dos anos 60 nos Estados Unidos, com a guerra do Vietnã bombando e os movimentos anti-armamentistas, anti-racistas e feministas crescendo.
Diferente dos hippies e sua pegada liberal, os punks seguiam a linha da violência não física mas social. Sua ascensão nos anos 70, marcada por um espírito rebelde e agressivo, mudou o mundo, trazendo atenção pra movimentos importantes e expressando seu descontentamento através de letras de música, arte e moda. A revolta maior era contra o sistema capitalista, que via o mundo como uma mercadoria e favorecia a elite, enquanto o povo sofria para ser incluído na sociedade. Assim, presencia-se o momento em que a cultura encontra a ideologia anarquista.
A Beleza no Caos
Ao mesmo tempo em que o movimento punk crescia na Inglaterra, Vivienne Westwood e seu então parceiro Malcolm McLaren surgiram com a ideia de ter um negócio juntos. Alugando uma loja em King’s Road, no bairro de Chelsea em Londres, nasceu a “Let It Rock”, focada em objetos que remetiam aos anos 50 nos Estados Unidos. Porém, conforme o foco de Westwood foi mudando, o nome da loja também, surgindo em 1974 a loja “SEX”, com seu famoso letreiro rosa. A loja, cheia de grafites com símbolos do anarquismo, chicotes e acessórios de bondage, além de ser o trabalho mais ousado de Vivienne, também era o “point” de diversas figuras influentes na cena, como Pamela Rooke, Siouxsie Sioux e umas das figuras mais icônicas do punk, os Sex Pistols.
A história da banda com a loja sempre esteve interligada, já que Malcolm era o empresário do grupo na época. Westwood cuidava da imagem dos meninos, fazendo questão de que eles vestissem as roupas que produzia. Com o intuito de chocar o público, ela fez uma camiseta feita em 1977, com uma suástica, uma foto de Jesus Cristo crucificado de cabeça para baixo e a palavra “Destroy” escrita.
Vivienne é um dos maiores nomes do punk em questões de moda, mas certamente não é a única.

Jean-Paul Gaultier, o “Enfant Terrible”, já mostrou algumas vezes seu interesse na cultura e apresentou em seus desfiles. Em 2011, Gaultier apresentou em sua coleção de alta costura de primavera uma mistura de punk com o cancan francês, com jaquetas de couro, moicanos, espinhos e alfinetes muito bem exibidos em suas peças.
Muitos pensam que o punk morreu, mas a verdade é que ele continua mais vivo do que imaginamos. Atualmente, é possível encontrar gente do nicho nas redes sociais e nos encontros eventuais deles.
Esse texto é um trabalho de Laura Souza, escritora convidada para o projeto "prisma vol. 2".
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