top of page

Divertido e cativante, Barbie proporciona risadas e reflexões

  • Foto do escritor: Barbara Ankudovicz
    Barbara Ankudovicz
  • 24 de jul. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 15 de mai. de 2024


Crítica


Com um olhar introspectivo sobre a vivência feminina, "Barbie" vai além do mundo de plástico cor de rosa e traz para as telas a realidade do que é ser humano em uma sociedade patriarcal.


O momento que muitos aguardavam chegou. Barbie estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira (20) e já se tornou a segunda maior bilheteria do país, assim como já ultrapassou a marca de U$ 150 milhões no seu primeiro final de semana.


O filme, estrelado/produzido por Margot Robbie e dirigido/escrito por Greta Gerwig, conta a história da boneca mais famosa, que vive uma rotina perfeita na Barbielândia ao lado de outras Barbies e Kens, até que a Barbie de Margot passa a apresentar traços humanos, como pés planos, celulite e pensamentos sobre a morte, que são considerados “defeitos”. Na tentativa de consertar tais acontecimentos, a boneca é enviada para o mundo real para encontrar sua dona e entender o que há de errado.


Reprodução: Divulgação

Tendo em vista os magníficos trabalhos realizados por Gerwig ao longo de sua carreira, era claro que Barbie traria um roteiro repleto de reflexões e críticas. O filme carrega o equilíbrio perfeito entre comédia e drama, sabendo arrancar risadas genuínas do público enquanto os olhos se enchem de lágrimas e com a dose musical certa, que certamente colocou o Ken de Ryan Gosling no holofote, mostrando em mais um papel, a grande versatilidade do ator.


Ao contrário do que muitos interpretaram ao assistir o trailer do filme, Barbie não foi vendido para ser um filme infantil, trata-se de um projeto feito por mulheres para mulheres. Barbie é para todas aquelas que um dia brincaram com as bonecas, mas tiveram que crescer e colocá-las em caixas ou passá-las a diante para que outras crianças pudessem brincar da mesma forma.


A jornada de Barbie conhecendo o mundo real e entendendo os sentimentos humanos é comovente e Margot Robbie transmite toda a experiência com maestria. Ao chegar em Los Angeles, a boneca é desrespeitada por homens e se depara com uma realidade totalmente oposta do que vivia na Barbielândia, gerando um misto de desconforto, vulnerabilidade e solidão. Robbie foi uma escolha de ouro para tal papel, sua intensidade e leveza foram responsáveis por cenas emocionantes no longa, e dentre elas encontra-se um momento em que Barbie se depara com uma senhora em um ponto de ônibus. Ali, a boneca que não envelhece, enxergou a beleza por trás dos anos e experiências vividas por aquela outra mulher, e da forma mais pura, com lágrimas nos olhos, Barbie diz “você é linda”, arrancando um enorme sorriso da senhora que estava lendo seu jornal.


Ao decorrer do filme, Greta coloca sua genialidade a mostra e explora as dificuldades enfrentadas em uma sociedade pressionada pela necessidade de crescer e se tornar algo além do que somos capazes de oferecer, trazendo a tona o sentimento de não ser boa o suficiente e não ter um propósito. Junto com esses questionamentos, Gerwig ressalta o verdadeiro significado de uma Barbie, que foi perdido e distorcido com o passar dos anos e, fazendo referência ao filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”, a diretora não poderia ter explicado o conceito da boneca de uma forma melhor. Desde sua criação, o objetivo da boneca era fazer com que meninas entendessem que poderiam ser o que quisessem, mas as crianças passaram a escutar que deveriam se parecer com Barbies.


Magras, loiras e altas. Uma imagem inalcançável.


E ao falar sobre a imagem “perfeita” empurrada pela sociedade, é impossível não mencionar o ponto mais alto do filme durante o terceiro ato, um monólogo executado brilhantemente por America Ferrera, que interpreta Gloria, uma mãe que brincava com a boneca junto de sua filha.


Monólogos são a especialidade de Greta e este não poderia ser diferente. America disserta sobre as frustações de ser uma mulher e os comportamentos impostos durante a vida, na qual não importa o quanto se esforce, sempre haverá alguém para julgar. O ritmo crescente da atriz durante o ato levou o público a uma chuva de aplausos, lágrimas e elogios.


Por fim, Barbie é como o encerramento agridoce de um capítulo. Um filme que comove e diverte, com um misto de compreensão, tristeza e felicidade sobre uma realidade que todas vivem, sendo capaz de abraçar a criança interna de cada pessoa que não se deu conta de como o tempo passou, trazendo a nostalgia dos anos em que a única preocupação era escolher qual seria o vestido ideal para a pequena boneca em suas mãos. Mostrando também que, conviver com um turbilhão de emoções e enfrentar todos os altos e baixos fazem a experiência de ser humana valer a pena.



BARBIE

NOTA: 10/10



ANO: 2023 DURAÇÃO: 1H54 MIN

PAÍS: EUA

DIREÇÃO: GRETA GERWIG ROTEIRO: GRETA GERWIG, NOAH BAUMBACH ELENCO: MARGOT ROBBIE, RYAN GOSLING, AMERICA FERRERA, SIMU LIU, ISSA RAE, EMMA MACKEY, KATE MCKINNON, NICOLA COUGHLAN, WILL FERRELL



Em exibição nos cinemas.






Comments


logo prisma (preto).png

© 2024 por prisma

bottom of page