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Um capítulo especial na história do cinema em casa

  • Douglas Nunes
  • 13 de ago. de 2024
  • 3 min de leitura

Redescubra a magia das videolocadoras, onde o simples ato de escolher um filme se transformava em uma experiência cheia de histórias e memórias.



Em tempos recentes, onde o acesso a filmes e séries se tornou fácil e imediato, é importante lembrar de um período em que a magia do cinema em casa passava por um ritual especial: a visita às videolocadoras. Esses estabelecimentos eram verdadeiras cápsulas do tempo, onde cada prateleira contava uma história e cada fita carregava um pedaço da memória coletiva.


As videolocadoras ofereciam uma experiência única e tangível. Ao invés de cliques, havia a aventura de percorrer corredores repletos de capas coloridas e títulos variados. As recomendações vinham de atendentes, por vezes apaixonados por cinema, sempre prontos para sugerir o filme perfeito para cada ocasião. Era um momento de descoberta, onde a escolha do filme era quase tão emocionante quanto assisti-lo.


Esses estabelecimentos proporcionavam um serviço de aluguel de filmes em mídia física, com uma vasta coleção de títulos em VHS e, posteriormente, em DVD. Os clientes pagavam uma quantia para levar as fitas ou discos para casa, onde poderiam assistir aos seus filmes favoritos no conforto do lar. Esse mercado floresceu no Brasil, especialmente na década de noventa. Em 1990, estima-se que o mercado de vídeo tenha arrecadado cerca de 400 milhões de dólares, crescendo até atingir um pico com 17.938 videolocadoras registradas em 1996.


Com o advento das plataformas de streaming online a partir de 2012, as locadoras de vídeo começaram a perder espaço, até que muitas foram forçadas a fechar suas portas. A 100% Vídeo, que se autodenominava a maior rede de videolocadoras do Brasil, com um pico de 96 lojas franqueadas, encerrou suas atividades físicas em 2015. No entanto, a paixão por esse mundo mantém algumas ainda em funcionamento, proporcionando uma experiência nostálgica para aqueles que viveram os tempos áureos do serviço, além de apresentar esse universo a um público mais jovem que não teve a oportunidade de conhecer.


Paulo, dono da Vídeo Connection. | Reprodução: Divulgação.

Em São Paulo, um exemplo de resistência é a Vídeo Connection, localizada no famoso Edifício Copan. A Prisma conversou com Paulo, dono da videolocadora, que contou com orgulho que, mesmo tendo possuído outras unidades no auge do serviço, a loja principal, no Copan, já está há 39 anos em pleno funcionamento. Na fachada, pôsteres de filmes compõem a decoração, com destaque ao “Cinemagia”, documentário de 2017, que apresenta algumas videolocadoras ainda em funcionamento na grande São Paulo. Hoje, apenas duas das videolocadoras mostradas no documentário, incluindo a Vídeo Connection, permanecem ativas.


Paulo revelou que a locação de filmes continua a atrair tanto os amantes nostálgicos dos tempos passados quanto às novas gerações, muitas vezes acompanhadas pelos pais que apresentam esse universo fascinante aos filhos. Ele também destacou que em breve pretende reorganizar a loja, trazendo de volta às prateleiras as fitas de VHS, que atualmente estão guardadas no estoque, devido a uma crescente demanda por essa forma clássica de assistir filmes.


Seja pela nostalgia ou pela novidade que proporciona, as videolocadoras que resistem à era digital oferecem uma experiência única que nenhuma interface de streaming pode replicar. A sensação de ter em mãos o seu filme favorito, de explorar prateleiras cheias de histórias, torna a imersão e a conexão com a obra ainda mais profundas, carregando consigo lembranças e uma magia que transcende o tempo.



Esse texto é um trabalho de Douglas Nunes, escritor convidado para o projeto "prisma vol.2".


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