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"Lista de Desejos para Superagüi" e a observação como conceito

  • Ketlyn Paes
  • 18 de mar. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 15 de mai. de 2024

CineSesc exibe mostra gratuita e o premiado documentário de Pedro Giongo gera debates sobre uma pequena ilha populada por pescadores


Entre os dias 13 e 19 de março, o CineSesc realiza a 12° Mostra Tiradentes SP e exibe 28 títulos brasileiros inéditos que abracem a temática: “As formas do tempo”. Na última quarta-feira (13), a Prisma esteve presente na exposição e assistiu “Lista de Desejos para Superagüi”, documentário com direção de Pedro Giongo.


Documentando uma ilha no litoral Sul do Brasil, com cerca de 700 habitantes, a “Lista de Desejos para Superagüi” é um retrato particular que utiliza-se da observação para mostrar a vida de moradores simples que vivem da pesca. Tempo é o principal tema do longa, o que se opõe ao tipo de narrativa não linear escolhida pelo diretor curitibano.


Melhorar condições de trabalho, aposentar-se com dignidade, retomar ao que a ilha costumava ser - ou mesmo fugir do que agora ela é. Existe uma tentativa de imergir o público nos desejos íntimos dos pescadores, por meio de um olhar particular de como vivem e quais são as dificuldades que eles enfrentam. Existem diversas sequências de planos abertos, deixando que os personagens interajam com a natureza de forma livre e pouco roteirizada. No bate-papo que aconteceu após a sessão, Pedro disse que a equipe de filmagem acordava de manhã e filmava o que fosse favorável no próprio cotidiano da comunidade e procurava trabalhar com as pessoas que tinham o desejo de interagir com câmeras.


Vencedor da “Mostra Aurora” na 27a Mostra de Cinema de Tiradentes, o filme funciona como uma representação poética, não necessariamente um registro histórico ou demográfico. É um risco que o diretor Giongo coloca-se, já que existe uma divisão entre o que a equipe de produção - já conhecedora da história da ilha -, e a nova audiência - tendo seu primeiro contato agora -, irá entender. Essa divisão, quando não bem entendida, dificilmente traz uma conexão do público com a obra, visto que tudo se mantém na superfície. Mesmo com um leve aceno a uma relação mitológica existente entre os pescadores e o mar, isso ainda é tímido e não chega a realmente embarcar na ficção, ao mesmo tempo que a dureza da realidade não se atira aos braços de quem está assistindo. 


Divulgação: Pedro Giongo

Com imagens poéticas e uma linda fotografia, a “Lista de Desejos para Superagüi” é um filme bastante agradável aos olhos, mas chega um momento dentro dos 72 minutos que isso não é suficiente para te prender. Se tudo parece querer te fazer refletir, não existe uma real reflexão. Não existe conexão e apelo para com aqueles homens que tem uma canoa em suas próprias listas de desejos. O bonito não convence.


Com alguns títulos sendo exibidos com gratuidade, a mostra segue até dia 19, mas o CineSesc conta com diversos outros modelos de exibições a preços populares e em diversas locações. Para mais informações, acesse: https://www.sescsp.org.br/ 




NOTA: 6/10



ANO: 2024

DURAÇÃO: 72 MIN

PAÍS: BRASIL

DIREÇÃO: PEDRO GIONGO

GÊNERO: DOCUMENTÁRIO








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