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O empreendedorismo feminino e uma das mulheres por trás dele

  • Martha Tilza
  • 7 de mar. de 2024
  • 6 min de leitura

Se olharmos ao nosso redor é possível identificar mulheres que buscam sua independência. Conversamos com Danielle Moreira, proprietária de um salão de beleza na Zona Leste de São Paulo para compreender a sua jornada trabalhando com seu sonho.



Acervo: Danielle Moreira

Mais de 14 milhões de mulheres tornaram-se empreendedoras para investirem em seus sonhos e carreiras, indicam dados do Sebrae. Muitas dessas mulheres saíram de seus empregos antigos para buscar sua independência financeira, de rotina e cuidar de suas famílias. Para entender melhor como é a vida de uma mulher empreendedora, conversamos com Danielle Moreira da Silva, proprietária de um salão de beleza na Zona Leste de São Paulo. No papo, falamos sobre como Danielle começou, como seu trabalho mudou sua vida, principalmente em família.

Conheci Danielle, a quem chamo carinhosamente de “Dani”, em 2018. Nunca tive uma boa relação com meu cabelo ou com cabeleireiros no geral. Quando pequena, no auge dos meus cachos rebeldes, era incentivada por pessoas ao meu redor a alisar o cabelo para “tornar a vida mais fácil”. Até cinco anos atrás, eu sentia a necessidade de andar com o cabelo preso em coque para as pessoas não perceberem que eu não conseguia cuidar dele. Hoje em dia, por vontade própria, aliso meu cabelo uma vez a cada um mês e meio com Dani.

Ao longos dos anos vi Dani sair de um salão, onde não trabalhava para si mesma, para se tornar uma empreendedora que, em suas próprias palavras, tem suas próprias colaboradoras, mas é preciso falar sobre o início e o caminho de Dani para poder entender sua vida atual. Danielle começou sua jornada em 2011 quando se formou cabeleireira, mas desde pequena possuía aptidão para o trabalho. Além disso, convivia com cabeleireiras e seus salões, mesmo com pouca idade.

“Certa vez, na casa de uma amiga, cortei a franja dela, o que não deu muito certo.

A mãe dela chamou a minha e disse que eu tinha acabado com a franja da filha.”


Por: Martha Tilza

Além de cabelos, especialmente os loiros, pelos quais é apaixonada, Danielle trabalha com maquiagens profissionais e sobrancelhas. Ela passou a se interessar por maquiagem durante seu primeiro estágio em um salão no bairro dos Jardins. Lá, Dani era responsável por preparar o cabelo para o cabeleireiro finalizar e, mesmo durante o expediente, costumava observar os maquiadores trabalhando, conseguindo entender e aprender técnicas que, no futuro, a levariam a se especializar nisso.

Ela não trabalhou muito tempo no salão por ser pouco remunerada, fazendo com ela precisasse de um segundo emprego para complementar sua renda. Ou seja, trabalho dobrado. Para adquirir experiência e, claro, para sobrevivência, também trabalhou em um salão especializado em loiros e em outro apenas para alisamentos.

“Fui me especializando em cursos para complementar o que estava faltando. Por exemplo, minhas clientes perguntavam por micro pigmentação e outros procedimentos, e fui aprendendo.”

Como dito anteriormente, muitas mulheres abrem seus próprios negócios para poder tomar as rédeas de sua vida e trabalhar para si mesmas; com Dani não foi diferente. Apesar disso, o caminho não foi fácil ou simples. Pelo contrário, no começo não era a intenção abrir seu próprio salão, mas o fato de trabalhar em um lugar, onde, segundo Dani, as pessoas ao seu redor não queriam evoluir e investir em produtos de mais qualidade que, consequentemente, custavam mais caro. Por esses motivos, ela estava à procura de outro lugar para trabalhar, mas ao invés de uma vaga, achou um local. Era um lugar pequeno, na esquina de uma rua sem saída. Possuía poucos lugares para serem atendidos, mas era aconchegante e o mais importante, era de Danielle, com todos os seus sonhos e motivações.



Além das dificuldades que o início da jornada de uma nova microempreendedora pode gerar, Danielle teve uma surpresa: estava grávida, já tendo dois filhos pequenos. Coincidentemente, estava lá no dia, pois tinha horário marcado para maquiagem e cabelo para uma festa que iria naquela mesma noite de agosto de 2019.

Lembro-me de entrar no salão e ver muitas caras surpresas, fiquei sem saber o que tinha acontecido. Logo, surge Dani do pequeno banheiro que o local possuía, ela estava com o teste na mão e me contou o que tinha descoberto poucos minutos antes da minha chegada.

Moreira conta que, durante um período, precisou passar por um psicólogo, pois eram muitas as coisas das quais ela precisava cuidar e ser responsável.

"Foi muito difícil, mas eu amo o que faço e isso é o que me sustentou pra não desistir!”

Por: Martha Tilza

No salão antigo que trabalhava, Dani cultivou um grupo fiel de clientes, eu inclusa. Entretanto, por ser um espaço novo, houve certa demora para a chegada de novas clientes. Hoje, seu salão é um dos mais movimentados da região de Sapopemba, um bairro que conta com muitas mulheres empreendedoras. Ao lado do salão de Dani, é possível observar outros empreendimentos como uma pizzaria e um pet shop.

Em 2020, mesmo com a pandemia, o salão precisou mudar de local por conta do aluguel, mas não foi para longe. Agora, o cantinho de Dani se localiza na maior avenida do bairro do Teotônio Vilela. Com um espaço maior do que o antigo, Dani conseguiu expandir seu negócio e começou a busca por uma segunda cabeleireira que pudesse ajudá-la a dar conta da nova demanda de clientes que chegavam com a inauguração.

Mesmo empregando outras mulheres, Dani não as considera suas funcionárias. Ela as chama de colaboradoras, pois, para além do crescimento dentro do salão, ela busca ajudá-las a crescer profissionalmente. Lá, as colaboradoras são livres para trabalharem da melhor maneira que conseguirem e, com o incentivo de Danielle, elas buscam seu desenvolvimento por meio de cursos e até mesmo aprendendo com a própria Dani, que sempre busca mostrar quais os pontos de melhora e passar sua experiência e conhecimento para elas.

“Fico muito feliz quando vejo meninas que, às vezes, passavam necessidade, hoje são a provisão do lar!”

Em relação ao crescimento profissional, no decorrer do tempo, pude observá-la participando de cursos que trouxeram novos aprendizados, visto que o mercado de trabalho da beleza está sempre em expansão e desenvolvimento. Atualmente, por conta da falta de tempo, Dani não consegue participar de mais cursos como gostaria, mas eles permanecem em seus planos futuros. Algo muito importante também é o amadurecimento, como relata. Parte da profissão é lidar com pessoas, ora fáceis ora difíceis, cabe ao profissional decidir se as dificuldades são maiores que seus sonhos e suas obrigações, como o sustento de uma casa. No final, erros e problemas não são inimigos, mas ferramentas que ajudaram-na crescer como pessoa e empreendedora.


Para além do salão, Dani precisou estabelecer algumas regras em sua vida para que nem sua profissão, nem sua família fossem negligenciadas, já que, apesar da vida de empreendedora dar mais liberdade, ela também exige tempo e investimento pessoal. Dito isso, hoje ela possui uma rotina que conduz sua vida para o ritmo mais calmo possível junto de seus filhos e marido. Seus horários são balanceados para que ela consiga ter qualidade de vida também.

“Minha rotina é levar as crianças pela manhã na escola, depois vou para a academia e para o serviço. Antes entrava todos os dias às 8, mas estava sem tempo pra mim. De terça a quinta, entro às 10, na sexta e sábado às 8. Gosto de pensar mais em mim. Antes não tinha limite, entrava cedo e saía todos os dias 22/23 h. As crianças voltam de transporte escolar, minha mãe me ajuda com eles.

É uma vida muito corrida, mas amo cada detalhe.”

Por fim, algo que conforta Danielle é poder fazer seus próprios horários e passar tempo com seus filhos é o mais importante para ela. Dani crê que o começo foi a parte mais difícil, ela incentiva mulheres que buscam se tornar empreendedoras, mesmo que trabalhando para alguém. Para ela, é importante tratar seus clientes como você gostaria de ser tratada - e que a motivação final de uma cabeleireira é sempre ver o sorriso no rosto da cliente no final do atendimento, que melhorou uma insatisfação que não existe mais.


Acervo: Danielle Moreira

“Não é fácil. Às vezes pode não parecer, mas a dona é a que mais trabalha. É um trabalho de formiguinha porque ninguém começa de cima. Aceite as críticas e as quedas, pois são para nosso amadurecimento. Coisas grandes só vem pra quem tem estrutura forte!

O importante é não desistir. Se estiver cansada descanse, mas não pare!

Lá na frente vai valer a pena!”



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