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Percy Jackson e os Olimpianos: Adaptação se perde nas próprias linhas

  • Foto do escritor: Barbara Ankudovicz
    Barbara Ankudovicz
  • 10 de fev. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 15 de mai. de 2024


Crítica


Universo literário de Rick Riordan, “Percy Jackson e os Olimpianos”, ganhou espaço no catálogo de séries do Disney+ e sua primeira temporada veio como um balde de água fria.


Não é novidade que o grande universo mitológico de Rick Riordan possui um histórico conturbado quando se trata de adaptações. A série de livros “Percy Jackson e os Olimpianos” marcou uma geração entre os anos de 2010 e 2014, e logo foi adaptada para o cinema com os filmes “Percy Jackson e o Ladrão de Raios” e “Percy Jackson e o Mar de Monstros”. Os longas foram um enorme fracasso em diversas questões, desde a dificuldade para manter sua narrativa fiel a obra original até os números da bilheteria, e Riordan até utilizou suas redes para declarar sua insatisfação:


Foi como ver o trabalho da minha vida passando por um moedor de carne, quando eu tinha feito acordos para que eles não fizessem isso”.

Anunciado em janeiro de 2022 e com o autor envolvido no projeto como produtor executivo, a expectativa dos fãs estava nas alturas com a ideia de que finalmente a história seria conduzida da maneira certa.

A primeira temporada estreou na plataforma de streaming Disney+ no dia 19 de dezembro e acompanha a jornada de Percy (Walker Scobell), Annabeth Chase (Leah Jeffries) e Grover Underwood (Aryan Simhadri), semideuses que partem em uma missão para recuperar o raio mestre roubado de Zeus.


A produção não mede esforços para trazer a magia da saga para as telas. O cenário do famoso Acampamento Meio-Sangue envolve os antigos leitores em completa nostalgia, repleto de detalhes e grandiosidade, a cenografia da obra se torna um dos pontos altos. E toda a fantasia do universo não seria capaz de ganhar vida se não fosse pelo elenco surpreendentemente bem escalado.

"Percy Jackson e os Olimpianos" possui um elenco de ouro, tão cativante e sublime que facilmente conquista o público e os faz questionar se eles não foram arrancados de dentro das páginas. No entanto, boas atuações e carisma perdem seu valor quando se deparam com um roteiro que não faz questão de trabalhar seus personagens e narrativa.


Divulgação: Disney+

A série tropeça inúmeras vezes ao longo de seus 8 episódios e parece ter servido de “teste” para as próximas temporadas. Com uma média de 40 minutos, o roteiro é apressado para atingir o clímax de cada episódio, entregando personagens sabichões que compreendem todas as situações logo de cara - se tornando entediante e contraditório, uma vez que se trata da jornada de crianças de 12 anos encarando a realidade dos semideuses pela primeira vez. 

A sede pelo ápice resulta em conflitos toscos contra as criaturas mitológicas, que se resolvem em questão de segundos, cortando a tensão entre o espectador e os personagens. O ritmo acelerado também vem acompanhado pelas cenas exageradamente escuras, que tentam - e falham miseravelmente - passar um ar de mistério e apreensão, trazendo apenas frustração para quem está por trás das telas sem enxergar um movimento sequer.

Como se não houvesse erros técnicos o suficiente, a série trouxe cortes secos como a cereja do bolo. Enredo na velocidade máxima, personagens que entregam todas as respostas, falta de energia, combate. Plano fechado, corte, tela preta. E assim, rolam os créditos e a resposta fica apenas para o próximo episódio - ou não.

A obra é resumida em uma grande afobação que parece encontrar seu caminho tarde demais, nos dois últimos episódios, desacelerando a narrativa e se preocupando com os personagens.

Em conversa com fãs apaixonados pela saga, jovens da mesma faixa etária (18 a 24 anos) que leram os livros há mais de uma década, relatam o mesmo incômodo relacionado a série: não há conexão com o que está sendo assistido. O balde de água fria veio para muitos daqueles que esperaram anos por uma adaptação admirável e, diferentemente dos fatídicos erros, não há solução para o incômodo gerado.

Ao final da temporada, “Percy Jackson e os Olimpianos” deixou claro seu objetivo: sair do nicho. O público alvo não se trata dos calorosos fãs que cresceram com tais histórias e hoje estão na casa dos 20 anos, mas sim de crianças e jovens, que irão esbarrar com a série no catálogo do streaming e mergulhar na produção ao ponto de correr atrás dos livros.

Um projeto com um aspecto visivelmente comercial, feito para “furar a bolha”, somado a inúmeros erros técnicos que impedem a criação de um vínculo emocional, decepciona e frustra com facilidade.


Divulgação: Disney+

Renovada para sua segunda temporada, que irá retratar o livro “Percy Jackson e o Mar de Monstros”, a série do Disney+ carrega em suas mãos um material fascinante que pode garantir um futuro promissor, caso desvie dos erros cometidos.


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